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A
S
MUDANÇAS
DE
COMPOSIÇÃO
,
INTENSIDADE
E
DURAÇÃO
DO
DESEMPREGO
URBANO
ENTRE
1999
E
2009:
UM
OLHAR
SOBRE
O
DESEMPREGO
DE
LONGO
PRAZO
Milton Friedman
11
, tratam do desemprego voluntário e não do desemprego involuntário
como Keynes.
Na
Teoria Geral
, Keynes aceita a hipótese de retorno marginal decrescente e conclui, assim
como no modelo neoclássico, que o salário real é igual ao produto marginal do trabalho,
logo, a demanda por trabalho (Nd) é uma função decrescente do salário real (w/p).
Na determinação da oferta de trabalho, entretanto, Keynes rejeitou a hipótese dos neo-
clássicos de que “a utilidade do salário [real], quando um dado volume de trabalho é em-
pregado, é igual à desutilidade marginal do montante de emprego” (KEYNES, 1982, p. 9).
Ele reconhecia uma função de oferta de trabalho, mas não aquela proposta pela aborda-
gem neoclássica, dado que o comportamento dos trabalhadores não refletia o raciocínio
delineado pelo campo majoritário da teoria econômica.
Os argumentos de Keynes para essa rejeição foram: i) os trabalhadores lutam por salário
nominal, dado que não podem influenciar o salário real, que é determinado pela variação de
preço dos bens-salários e pelo nível geral de preços; ii) mesmo que os trabalhadores pudes-
sem definir o salário real com base no nível de preço esperado, eles não abandonariam o
emprego toda vez que ocorre uma elevação dos bens-salários. Para Keynes, os trabalhadores
sempre preferirão trabalhar a não trabalhar, além de se sentirem vinculados a um contrato
de trabalho que estabelece o salário nominal para uma determinada jornada de trabalho.
Neste sentido, a função de oferta de trabalho compatível com os argumentos de Keynes
é uma área retangular no eixo salário real (w/p) e nível de emprego (N) no pleno emprego
(Nf), dado que existe um salário nominal para uma gama de salário real.
FIGURA 6
Curva de oferta e demanda por trabalho em Keynes
11. Esta questão pode ser aprofundada em FRIEDMAN, Milton.
Episódios da história monetária.
Rio de Janeiro: Record,
1994, p.53-85; 178-243.
Para salários abaixo de (w/p)1 os trabalhadores podem entrar em greve e se recusar a trabalhar.
Esse ponto representa o nível de sobrevivência ou o limite físico do trabalho e para salários
acima de (w/p)0, os trabalhadores estariam dispostos a trabalhar em regime de hora extra.
Ob-
Para Keynes, os
trabalhadores
sempre preferirão
trabalhar a não
trabalhar.