29
A
S
MUDANÇAS
DE
COMPOSIÇÃO
,
INTENSIDADE
E
DURAÇÃO
DO
DESEMPREGO
URBANO
ENTRE
1999
E
2009:
UM
OLHAR
SOBRE
O
DESEMPREGO
DE
LONGO
PRAZO
dos empresários se concretiza. O crescimento das vendas reduz o nível de estoques das em-
presas, fazendo com que elas aumentem a produção e o invistam em aumento da capacidade
de produção. Essa é a lógica de funcionamento da economia no modelo keynesiano.
A determinação da Demanda Efetiva
A demanda efetiva é determinada pelo volume de gastos esperados em consumo e inves-
timento. O investimento é, ao mesmo tempo, um componente da demanda agregada no
curto prazo, enquanto consumo de bens de capital, e da oferta agregada no longo prazo,
enquanto aumento da capacidade produtiva.
A decisão de investimento depende da eficiência marginal do capital (
EMgK
) e da taxa de
juros. A
EMgK
é a taxa de desconto que iguala o valor presente do fluxo de receita esperada
com a venda dos produtos obtidos com o investimento e com o valor do custo desse inves-
timento -
quanto maior a
EMgK,
maior será o investimento e a demanda efetiva.
Assim, a
EMgK
depende do fluxo de receita esperada e do custo do investimento que, por
sua vez, depende da taxa de juros. Para Keynes, a taxa de juros é, então, determinada pela
quantidade de moeda retida como entesouramento
8
e pela preferência à liquidez.
O entesouramento é uma parte da renda que não retorna à circulação econômica de bens
e serviços, enquanto a preferência pela liquidez consiste na preferência dada ao dinheiro
líquido frente a qualquer outra forma de riqueza. O aumento da incerteza quanto ao fu-
turo da taxa de juros leva ao aumento da preferência pela liquidez e pelo entesouramento,
sendo necessário um aumento da taxa de juros para que os agentes abram mão da liquidez.
A taxa de juros representa uma recompensa pela renúncia à liquidez.
Uma elevação da taxa de juros provoca queda no nível de investimento devido à redução
da
EMgK
com o aumento no custo para realizar o investimento. No modelo keynesiano, a
moeda torna-se um elemento importante na determinação das condições de equilíbrio
macroeconômico ao afetar a demanda efetiva.
A economia, na visão de Keynes, é essencialmente uma economia monetária, de modo
que o fluxo de moedas provoca variações no nível da atividade econômica. No modelo
neoclássico não existe insuficiência de demanda e a moeda não afeta o funcionamento da
economia real, dado que toda a renda gerada na produção retorna ao sistema econômico,
o que torna válida a Lei de Say
9
.
Para Keynes, as variações no consumo e no investimento provocam alterações na de-
manda agregada. O volume de gastos com consumo depende do nível de renda e da
propensão marginal a consumir, o
que corresponde à parcela da renda destinada ao con-
sumo. A poupança corresponde à renda não consumida. Para cada elevação no nível de
renda, uma parte será destinada ao consumo (propensão marginal a consumir) e a outra
será destinada à poupança (propensão marginal a poupar).
A propensão marginal a consumir determina o tamanho do
efeito multiplicador
que uma
variação no gasto autônomo em consumo e investimento provoca sobre o nível de renda
8. A moeda serve de reserva de valor. Por essa razão, existem pessoas que preferem entesourar a moeda como meio de
preservar sua riqueza no futuro, ou que preferem manter a moeda em mãos a destiná-la ao sistema financeiro.
9. Para Keynes, o modelo neoclássico comete um equívoco ao determinar que a demanda agregada ocorre no mesmo
momento da oferta agregada. A Lei de Say só poderia ser aplicada em uma economia sobre uma base de trocas reais,
no sentido de troca de mercadoria por mercadoria, considerando a moeda apenas como um intermediário, sem
importância para o equilíbrio econômico e a formação dos preços. “Os que assim pensam foram vítimas de uma ilusão
de óptica que confunde duas atividades (oferta e demanda) essencialmente diferentes” (KEYNES, 1982, p.36).
Para Keynes,
a moeda é
um elemento
importante na
determinação
das condições
de equilíbrio
macroeconômico
ao afetar a
demanda efetiva.