emitido pelo Tribunal de Contas da União (TCU), Cemig, Copel e Cesp registraram ganhos
superiores a 700% no mercado de curto prazo entre janeiro de 2013 e maio de 2014 (TRIBUNAL
DE CONTAS DA UNIÃO, 2014)
11
, com consequências nas tarifas de 2014. O referido relatório
aponta que o resultado dessas três empresas no mercado de curto prazo naquele período chegou a
R$ 5,7 bilhões.
Para a Eletrobras, os impactos negativos da renovação preocupam, uma vez que o grupo
opera grande parte do sistema elétrico brasileiro: cerca de metade das linhas de transmissão, 30% da
geração e sete empresas de distribuição localizadas em regiões estratégicas para o país (Norte e
Nordeste). Contudo, é importante mencionar que, a despeito das condições econômico-financeiras
adversas, o grupo segue investindo no setor (em 2014 foram mais de R$ 11,0 bilhões) e o
desempenho operacional tem se mantido bom.
A “
c
rise hídrica” e o aumento dos preços da energia no mercado de curto prazo
Em 2014, a tarifa de energia elétrica apresentou tendência inversa à verificada em 2013,
variando positivamente e de forma gradual a partir do segundo semestre. O ano foi encerrado com
aumento de cerca de 17,0%. Como se sabe, 2014 foi marcado pelo aprofundamento de condições
hidrológicas desfavoráveis, que secaram não só os reservatórios das usinas, mas também alguns
importantes reservatórios de abastecimento de água, como o da maior cidade do país
12
.
O baixo nível dos reservatórios das usinas fez com que a geração de energia das hidrelétricas
ficasse bastante abaixo da capacidade instalada, o que exigiu o acionamento integral e contínuo das
usinas termoelétricas, fontes mais caras de geração. A geração de energia por meio das termelétricas
cresceu 57%, entre 2013 e 2014: a geração de energia por meio de fonte térmica convencional
(excluindo térmicas nucleares) passou de 7.227 GWh, em dezembro de 2013, para 11.371 GWh, em
dezembro de 2014
13
. Como consequência, a participação da geração por meio de fontes térmicas na
capacidade instalada total no país aumentou de 22%, em 2008, para 30%, em 2013, enquanto a
participação das hidroelétricas caiu de 75% para 68%, em 2013.
Como se pode observar na Figura 1, o nível dos reservatórios, que diminuía desde 2013,
ficou, em 2014, abaixo de 20% da capacidade em determinadas regiões do país. Nas regiões
11
Tribunal
de
Contas
da
União.
Auditoria
Operacional,
n.º
011.223/2014-6.
Disponível
em:
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:90cCF5X_SQAJ:portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/imprensa/notici
as/noticias_arquivos/011.223.2014.6%2520%28CDE%29.rtf+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
12 Evidentemente, a falta de água em São Paulo não pode ser explicada exclusivamente pela falta de chuvas. Entre os
principais fatores é possível destacar também a falta de investimentos, bem como a ausência de um plano de
contingenciamento que permitiu a continuidade do uso intensivo da água por parte de setores produtivos
(principalmente a indústria) em detrimento do consumo da população.
13 Operador Nacional do Sistema (ONS). Disponível em
:
http://www.ons.org.br/historico/geracao_energia.aspx