Inflação e juros: é necessário mudar o rumo do debate
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Inflação e juros – a terapia não muda
Há muitos anos as taxas de juros no Brasil são as mais altas do mundo. Reduzi-las é
fundamental para melhorar as condições de competitividade da economia brasileira e das empresas
que utilizam crédito. Juros muito altos, num contexto de taxas muito baixas no mundo
desenvolvido, atraem um enorme fluxo de aplicações financeiras externas para o Brasil em função
do diferencial de juros lá e cá, ajudando na
valorização do real. Essa valorização, por sua vez, vem
contribuindo para exportar empregos para os parceiros comerciais do Brasil. O
G
ráfico 5 mostra a
trajetória dos juros nominais e reais (descontada a inflação esperada) nos últimos 10 anos. Apesar
de atualmente o juro real ser o mais baixo da série, seu patamar é muito superior ao dos países
desenvolvidos e também de diversos países emergentes.
GRÁFICO 5
Evolução da taxa nominal Selic e taxa real de juros ex-ante (%a.a)
Brasil
2001-2010
Fonte: Ministério da Fazenda
Elaboração:DIEESE
Assim, se o combate à inflação no início de 2011 for feito repetindo a cartilha de elevação
da Selic, vão ser ampliados os riscos de desaquecimento econômico e de valorização do real. E
também os riscos de desindustrialização e de exportação de empregos.
Como, então, impedir que eventuais elevações dos juros, valorizem ainda mais o real? Um
caminho é a “desmontagem” dos atuais mecanismos de financiamento de curto prazo da dívida
pública. Se
,
no diagnóstico do governo for inevitável subir a taxa básica de juros para desaquecer a
demanda, essa elevação não deveria atrair capital especulativo. Essa atração se dá pela liquidez e
pelo alto rendimento dos títulos de curto prazo da dívida pública, e isto é o contrário do que ocorre
em qualquer país do mundo desenvolvido, onde aplicações de curto prazo não são rentáveis como
as aplicações de longo prazo. Nossa forma de financiamento da dívida pública de curto prazo é um