Especial Balanço de Greves
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texto, serão apresentados os principais acontecimentos do recente movimento, com uma reflexão
sobre algumas similaridades entre as três mobilizações.
O estopim da greve
–
fechamento da Araucária Nitrogenados
(Ansa/Fafen-PR), demissões em massa e descumprimento do
acordo
Desde 2014, uma série de acontecimentos vem modificando o papel e a importância da
Petrobras para o desenvolvimento nacional. O modelo de empresa, construído desde 2003 com
grandes volumes de investimentos, descoberta do pré-
sal, atuação integrada no setor (“do poço ao
posto”) e contratação de grande número de trabalhadores próprios e terceiros, passou a sofrer uma
série de ataques que culminaram na mu
dança completa de estratégia. Como em uma “tempestade
perfeita”, a partir de 2014, a Petrobras sofreu os efeitos da Operação Lava
-jato - foi exposta em
páginas policiais e encontrou dificuldade de contratação de empresas para continuar realizando
obras/investimentos. Além disso, houve queda brusca dos preços do barril de petróleo no mercado
internacional, no mesmo momento.
Nesse contexto, a direção da empresa alterou a estratégia e os objetivos da companhia,
fazendo a Petrobras deixar de ser uma empresa integrada de energia, concentrando de forma
significativa os investimentos na área de Exploração e Produção (E&P) e na tentativa de redução
do endividamento. Os planos estratégicos apresentados a partir de 2015 passaram a ter como foco
a redução do nível de endividamento, a intensificação da venda de ativos, a redução dos gastos
operacionais e o maior retorno possível, no curto prazo, aos acionistas. Sob a nova orientação, a
produção de fertilizantes foi um dos setores que a direção da Petrobras decidiu, a partir daquele
momento, deixar integralmente.
Em 14 de janeiro de 2020, a Petrobras decidiu encerrar/hibernar as atividades da fábrica de
fertilizantes nitrogenados no Paraná, a Araucária Nitrogenados (Ansa/Fafen-PR). Adquirida da
Vale S.A. em 2013, compunha o rol de empresas subsidiárias e controladas pela Petrobras no setor
de fertilizantes. Com a alegação de prejuízos recorrentes, o processo de venda teve início em 2018,
mas fracassou ao final de 2019, com a tentativa de venda para a companhia russa Acron Group. O
encerramento das atividades da Ansa/Fafen-PR acabou por levar à demissão cerca de 400
trabalhadores próprios e outros 600 terceirizados.
De outro lado, resistindo e realizando vários atos contrários à decisão da empresa, o
Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Petroquímicas do Paraná (Sindiquímica-PR) vinha
mostrando que o argumento da Petrobras para a venda, de que a subsidiária incorria em prejuízos,