1 "A ponderação adotada para a estrutura do Índice do Custo de Vida da Classe Trabalhadora na cidade de São Paulo foi obtida de uma pesquisa de padrão de vida realizada pelo dieese, em outubro de 1958, para a qual contou com a colaboração de estudantes de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo.
"A população inquirida constituiu-se de associados dos sindicatos filiados ao dieese (na ocasião, 18 dos principais sindicatos da capital). Procedeu-se, inicialmente, à escolha da família padrão, selecionando, através de um questionário piloto, aquela família constituída pelo casal e três filhos menores de 14 anos, morando em casa alugada e vivendo quase que exclusivamente do salários do chefe da família. [...]
"Selecionado esse conjunto [de 104 famílias], realizaram-se visitas às suas residências para o preenchimento de um questionário mais minucioso, e a distribuição de cadernetas para a anotação das despesas diárias de um mês [...] todas as despesas, sem exceção [...].
"A elaboração definitiva dos itens discriminados na estrutura do índice só se deu, porém, após a realização das necessárias pesquisas de mercado, a fim de verificar os tipos e as marcas específicas dos artigos de maior consumo.
"Com esse processo, complementar às cadernetas, pôde-se elaborar o rol dos artigos que constituem o índice [...], discriminando o seu tamanho, qualidade e características, de maneira a não viciar a coleta posterior dos preços." dieese. "O Índice do Custo de Vida da Classe Trabalhadora na Cidade de São Paulo", in: Boletim do dieese, Ano I, nº 1, maio/1960, pp.3-4.
2 DIEESE - família assalariada: padrão e custo de vida. São Paulo, jan/1974. (Estudos Sócio-Econômicos, nº 2); p.1.
3 A reflexão a partir dos dados da pesquisa "permite concluir que, embora não fique evidente uma tendência de alteração do padrão de vida da classe trabalhadora paulista, pode-se comprovar uma mudança qualitativa do modo de vida dessa categoria social. Essa mudança qualitativa reflete, no entanto, um período de transição, durante o qual a classe trabalhadora procura se adaptar a novas situações decorrentes tanto do desenvolvimento econômico e social quanto das contingências econômico-financeiras em que esse processo tem ocorrido no último decênio.
"É sabido que a classe trabalhadora no Brasil tem sofrido mais do que qualquer outra categoria social, tanto os ônus da inflação como aqueles decorrentes do combate à inflação. Com efeito, no período inicial da década de 60, quando a inflação atingiu níveis galopantes, os assalariados sofreram uma redução do seu poder aquisitivo: o salário real, que havia tido um ligeiro aumento no decorrer da década de 50, experimentou quedas sucessivas na segunda metade da década de 60, quando uma rígida política anti-inflacionária conseguiu reduzir progressivamente o nível de elevação dos preços. E isso foi possível, sobretudo, porque se impôs uma política de contenção salarial que provocou, deliberadamente, uma redução dos salários reais.
"Por outro lado, o mencionado processo de desenvolvimento econômico e social implicou algumas alterações na qualidade de vida, sobretudo das populações dos grandes centros urbanos. Tais alterações correspondem a novos hábitos de consumo que foram, em boa parte, assimilados pela classe trabalhadora, que é assim levada a se adaptar a novas situações e precisa fazê-lo num regime de apertura financeira em que os aumentos salariais são cuidadosamente dosados para não se transformarem em fatores inflacionários. Tudo isso configura, portanto, uma situação de transição no que diz respeito ao padrão de vida que se manifesta diretamente nas mencionadas modificações da estrutura do orçamento doméstico." dieese. "Orçamentos Familiares da classe trabalhadora de São Paulo". dieese em Resumo, São Paulo, ano VI, nº 4, jul-set/72; pp. 5-6.
4 DIEESE - família assalariada: padrão e custo de vida, ed. cit., p. 1.
5 Id., p.2.
6 . DIEESE - Pesquisa de padrão de vida e Emprego. São Paulo, 1981. (Divulgação 04/81); p. 3.
7 Vd. nota 4.
8 Em junho de 1996, a pesquisa estimou a existência de 2.856.213 famílias no município de São Paulo, onde habitavam 10.853.609 pessoas.
9 Considerou-se como "cômodo" quartos, salas e cozinhas.
10 Nota-se que 3,7% das famílias chefiadas por mulheres possuem cônjuges.
11 Considerou-se todos os domicílios segundo a renda total de cada unidade. No estrato 1, ou 1( tercil, estão agrupadas as famílias com rendimento médio mensal de R$ 377,40; no estrato 2 (2( tercil) encontram-se aquelas com renda intermediária (R$ 934,17); e no estrato 3 (3( tercil) reunem-se aquelas que obtém, em média, R$ 2.782,90 por mês.
12 São muitos os exemplos que podem elucidar esse fenômeno. Pode-se citar o tênis, no caso do vestuário, como exemplo de um produto mais atual, ou os aparelhos de som e os de TV, cujos preços caíram ao longo do tempo, o que fez com que o consumo passasse da classe superior até os estratos mais baixos de renda. O microcomputador é outro bom exemplo, ainda mais contemporâneo.
Total | Estrato 1 (média R$ 377) | Estrato 2 (média R$ 934) | Estrato 3 (média R$ 2.782) |
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---|---|---|---|---|
Tipos de família (1) | % | % | % | % |
Nuclear | 58,8 | 51,2 | 60,5 | 64,5 |
Expandida | 11,1 | (-) | 12,8 | 14,5 |
"Quebrada" com chefia feminina | 23,9 | 36,3 | 20,8 | 14,6 |
"Quebrada" com chefia masculina | 6,2 | (-) | (-) | (-) |
Tamanho médio da família | 3,8 | 3,3 | 3,9 | 4,0 |
Número médio de filhos (2) | 2,2 | 2,1 | 2,2 | 2,1 |
% de famílias sem filhos | 25,1 | 35,0 | 22,7 | 17,7 |
Renda familiar | R$ | R$ | R$ | R$ |
Média | 1.365,48 | 377,40 | 934,17 | 2.782,90 |
Família nuclear | 1.507,00 | 387,00 | 927,00 | 2.937,00 |
Família expandida | 1.598,00 | (-) | 968,00 | 2.631,00 |
"Quebrada" com chefia feminina | 960,00 | 353,00 | 949,00 | 2.480,00 |
"Quebrada" com chefia masculina | 1.161,00 | (-) | (-) | (-) |
Número médio de pessoas que contribui para a renda familiar | 1,9 | 1,5 | 1,9 | 2,2 |
Estado civil do chefe | % | % | % | % |
Solteiro | 11,2 | 11,7 | 11,6 | 10,3 |
Casado (formal e informal) | 70,2 | 59,6 | 73,3 | 77,6 |
Separado | 6,8 | 9,6 | (-) | (-) |
Viúvo | 11,8 | 19,0 | 9,9 | (-) |
Idade do chefe | % | % | % | % |
15 a 29 anos | 14,1 | 19,4 | 14,8 | 8,1 |
30 a 39 anos | 24,4 | 20,3 | 27,4 | 25,6 |
40 a 49 anos | 24,7 | 19,5 | 25,9 | 28,6 |
50 a 59 anos | 17,0 | 14,2 | 15,3 | 21,3 |
60 anos e mais | 19,9 | 26,5 | 16,6 | 16,4 |
(-): A amostra não comporta desagregação para esta categoria.
Notas:
(1) Denomina-se família nuclear aquela constituída por casal mais filhos. Quando, além destes, houver parentes ou agregados, ela é definida como expandida; a "quebrada" refere-se ao chefe que a exerce, sem a companhia do respectivo cônjuge.
(2) Somente para as famílias com filhos.
Obs.: A preços de junho de 1996; deflator utilizado: INPC/SP - IBGE.
Fonte: DIEESE - POF 1994/95.
Instrução do chefe de família | Total | Estrato 1 (média R$ 377) | Estrato 2 (média R$ 934) | Estrato 3 (média R$ 2.782) |
---|---|---|---|---|
Sem instrução | 5,8 | 10,4 | (-) | (-) |
Primário incompleto | 15,4 | 24,6 | 14,2 | (-) |
Primário completo | 19,3 | 26,0 | 16,9 | 14,9 |
Ginásio incompleto | 14,2 | 17,8 | 16,6 | (-) |
Ginásio completo | 13,4 | (-) | 15,1 | 15,3 |
Colegial incompleto | 4,5 | (-) | (-) | (-) |
Colegial completo | 12,7 | (-) | 14,0 | 16,9 |
Superior incompleto | 3,6 | (-) | (-) | 7,5 |
Superior completo | 11,1 | (-) | (-) | 25,4 |
Rendimento familiar médio total segundo instrução do chefe de família | Total | Estrato 1 (média R$ 377) | Estrato 2 (média R$ 934) | Estrato 3 (média R$ 2.782) |
Sem instrução | 683,00 | 344,00 | (-) | (-) |
Primário incompleto | 820,00 | 368,00 | 884,00 | (-) |
Primário completo | 1.091,00 | 367,00 | 936,00 | 2.511,00 |
Ginásio incompleto | 1.046,00 | 399,00 | 900,00 | (-) |
Ginásio completo | 1.336,00 | (-) | 968,00 | 2.292,00 |
Colegial incompleto | 1.127,00 | (-) | (-) | (-) |
Colegial completo | 1.677,00 | (-) | 965,00 | 2.821,00 |
Superior incompleto | 2.278,00 | (-) | (-) | 2.855,00 |
Superior completo | 2.870,00 | (-) | (-) | 3.487,00 |
Ocupação principal do chefe de família | % | % | % | % |
Assalariado - empresa privada | 38,6 | 38,9 | 42,2 | 34,6 |
Assalariado de empresa pública | 7,5 | (-) | (-) | 11,1 |
Autônomo | 21,0 | 14,1 | 22,6 | 25,9 |
Empregador | 2,7 | (-) | (-) | 6,0 |
Empregado doméstico | 2,9 | (-) | (-) | (-) |
Aposentado ou pensionista | 21,6 | 30,7 | 17,1 | 17,6 |
Outros | 5,7 | (-) | (-) | (-) |
Nota: a preços de junho de 1996; deflator utilizado: INPC/SP - IBGE.
(-): a amostra não comporta desagregação para esta categoria.
Fonte: DIEESE - POF 1994/95.